Especialista da Empapel destaca avanços e desafios da economia circular e logística reversa no Brasil

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A convite da Paraibuna Embalagens, o coordenador de Logística Reversa da Empapel, Rafael Filgueira, esteve em Juiz de Fora no dia 30 de setembro para participar do Fórum ESG, onde apresentou um panorama sobre a cadeia do papel no Brasil e os desafios da economia circular no país. Com a presença de lideranças da Paraibuna Embalagens, o evento reuniu representantes de empresas, instituições públicas e especialistas em sustentabilidade para debater práticas que promovem o consumo consciente e a redução de resíduos.

Em sua palestra, Filgueira destacou que o Brasil ocupa posição de destaque na cadeia global do papel: é o segundo maior produtor e o maior exportador de celulose do mundo, além de ser o nono em produção de papel e o sexto em papelão ondulado. O setor, que mantém 10,1 milhões de hectares de florestas cultivadas e preserva outros 6,9 milhões de hectares de áreas nativas, é exemplo de equilíbrio entre produção e conservação ambiental.

A Empapel – Associação Brasileira de Embalagens em Papel, criada em 2020 a partir da antiga ABPO, representa essa nova fase do segmento, ampliando sua atuação para diferentes tipos de embalagens e fortalecendo a conexão entre reciclagem, logística reversa e economia circular.

Esses conceitos se complementam: a economia circular propõe o uso contínuo dos recursos; a logística reversa viabiliza o retorno das embalagens; e a reciclagem fecha o ciclo, transformando resíduos em novos produtos

O coordenador também ressaltou o papel da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), que estabelece a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos. O Decreto nº 11.043/2022, que instituiu o Planares, prevê que até 2040 o país alcance 50% de recuperação das embalagens por meio de sistemas de logística reversa o que representa um avanço gradual frente à meta inicial de 30%.

Apesar dos avanços normativos, os números ainda revelam grandes desafios. Segundo a Abrema (2024), apenas 8,3% dos resíduos sólidos urbanos gerados no Brasil são efetivamente reciclados, embora o potencial chegue a 33,6%. No caso específico do papel, 58% já é reaproveitado, o que demonstra a força do setor, mas também a necessidade de ampliar a coleta seletiva e a integração com cooperativas de catadores que são responsáveis por processar metade do volume de papel e papelão reciclado no país.

Em Juiz de Fora, a realidade ainda exige avanços. A cidade gera cerca de 500 toneladas de lixo por dia, das quais apenas 7 toneladas são provenientes da coleta seletiva, representando apenas 1% do total reciclado. Mesmo com a implementação da Lei Municipal nº 15.100/2025, que institui o programa “Lixo Zero” e torna obrigatória a coleta seletiva em domicílios e empresas, o grande desafio é a conscientização da população sobre a separação correta dos resíduos.

No encerramento da palestra, Filgueira relacionou os esforços locais e nacionais ao contexto global da sustentabilidade. O “Dia da Sobrecarga da Terra”, calculado pela Global Footprint Network, ocorreu em 24 de julho de 2025, indicando que a humanidade consome 1,8 vez mais recursos do que o planeta é capaz de regenerar. “A transição para a economia circular é urgente e precisa ser coletiva. Governos, empresas e sociedade precisam agir juntos”, concluiu.

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