Desde o final do ano passado, mulheres em privação de liberdade trabalham no desenvolvimento e na fabricação de novos produtos, como sacos e sacolas de papel que, em breve, chegarão ao mercado
Em evento com a participação de representantes do setor produtivo de Juiz de Fora (MG), Sapucaia (RJ) e do mercado de Papel e Papelão, a Paraibuna Embalagens apresentou ao público sua primeira startup social, fruto de parceria com a Penitenciária José Edson Cavalieri, localizada no bairro Linhares na cidade mineira. Desde o final do ano passado, mulheres em cumprimento de pena trabalham no desenvolvimento e na fabricação de novos produtos que, em breve, chegarão ao mercado. A partir de sobras do processo produtivo do papel reciclado, estão sendo desenvolvidos artefatos, como sacolas e sacos para utilização pela própria empresa.
Em fase inicial, o projeto “EmbalandO Bem rumo à liberdade” tem como objetivo principal contribuir para a profissionalização, capacitação, qualificação e ressocialização. Atualmente, seis mulheres estão envolvidas na produção, cumprindo jornada diária (das 8h às 17h com uma hora de almoço), em um galpão reformado pela Paraibuna para essa finalidade, no complexo feminino, cedido à empresa pela Penitenciária. A cada três dias de trabalho, elas garantem remissão de um dia na pena, além de receberem remuneração.
Em sua fala de abertura, a superintendente da Paraibuna Embalagens, Rachel Marques, destacou a oportunidade que a empresa está tendo de ingressar em um novo nicho de mercado, desenvolvendo novos produtos e, ao mesmo tempo, promovendo impacto social diretamente para um público vulnerável. “Está sendo uma experiência única e transformadora para todos nós que estamos envolvidos nesta novidade”, observou a superintendente.
A Paraibuna Embalagens ganhou também novos rostos com as atividades do projeto EmbalandO Bem Rumo à Liberdade. Jaqueline de Oliveira, Talita Vencislau Silva, Andreza Stefani Martins dos Santos, Sandimara Oliveira Lopes, Mônica da Silva Alves e Cristilaine Aparecida da Costa Silva protagonizaram momentos especiais do vídeo exibido durante o evento realizado no dia 15 de abril. Privadas de liberdade, elas contam como a oportunidade oferecida pela empresa provocou transformações na forma como são vistas e também como se veem.
Representante do Departamento Penitenciário de Minas Gerais, a subdiretora de Humanização do Atendimento da Penitenciária José Edson Cavalieri, Sibely Cristina Pereira da Silva, destacou a importância de parcerias como a realizada com a Paraibuna Embalagens. A atividade produtiva para as mulheres em privação de liberdade significa muito mais que redução da pena e oportunidade de remuneração.
Mexe muito com a autoestima delas e da carceragem como um todo. Afinal, estão sendo vistas e reconhecidas pelo trabalho que desenvolvem. Isso é fundamental, porque muitas delas recebem pouca visita e amparo dos familiares. A condição delas não é definitiva e elas retornarão ao convívio social. Assim, é importante que desenvolvam suas habilidades enquanto estiverem cumprindo a pena
Sibely Cristina Pereira da Silva - subdiretora de Humanização do Atendimento da Penitenciária José Edson Cavalieri. Tweet
Durante a solenidade de lançamento da startup social, foram destacados os trabalhos da coordenadora de Meio Ambiente e Segurança, Fernanda Rocha, e da assistente social, Erica Cazal, essenciais para o sucesso da iniciativa, tanto no que diz respeito ao relacionamento com as mulheres em privação de liberdade, quanto na parte operacional de montagem da estrutura dentro do galpão cedido pela penitenciária.
Para o gerente comercial da Paraibuna Embalagens, Mário Henrique, o projeto “EmbalandO bem rumo à liberdade” é a resposta a um anseio antigo da empresa em iniciar a produção de artefatos de papel, a partir do crescente interesse dos consumidores por embalagens sustentáveis alinhadas ao conceito de economia circular. Uma tendência que cresce a cada ano, segundo as principais entidades do setor no Brasil e no mundo.
Por isso, explicou o gerente durante sua participação no evento, o projeto concilia interesses sociais e de mercado com vistas à produção em larga escala no futuro, apoiado no próprio desenvolvimento tecnológico da fabricação do papel que favorece uma versatilidade ainda maior ao que é produzido. Isso vale, inclusive, no atendimento à indústria primária, como de acoplados e micro ondulados.
A solenidade de apresentação da startup social foi encerrada pelo fundador e membro do Conselho de Administração da Paraibuna Embalagens, Heitor Villela. Segundo ele, agregar o início dessa nova linha de produtos a um projeto de cunho social foi a forma encontrada pela empresa de efetivamente respeitar seu DNA como uma indústria recicladora comprometida com a sustentabilidade seja ela ambiental, social e econômica.
Ao término da apresentação e de um café de agradecimento, todos os representantes do setor produtivo foram convidados a uma visita guiada na fábrica, para conhecer a mais recente aquisição da empresa voltada para a fabricação de papel 100% reciclado, reciclável e biodegradável.